6 de mar. de 2016
Nas palavras
Guardo-te nas palavras,
Tenho medo da memória.
Como os arranhões feitos na pele
Pela primavera derrubada pela chuva,
A memória talvez desapareça.
Mas nas palavras, nas frágeis palavras,
Que pouco podem com a brutalidade do mundo,
O tempo pode ser paralisado, eterno.
Fez-me livre, saiba.
Pois foi um momento sem medo.
E eu bebi fartamente do instante
Sem passado e sem futuro;
Sem vozes frias, mentiras camufladas.
E quando fechei os olhos,
Esquecendo de tudo, e acima de tudo,
De mim, alcei voo magnífico.
Ri das minhas lágrimas;
Também eu rio delas.
Porque o que o coração viu foi a morte,
Mas hoje quer ver as estrelas e louvar quem as criou tão belas.
Porque o coração acreditou não merecer bater outra vez,
Mas hoje quer acreditar poder até sorrir...
Sorrir iluminadamente, como você.
Ser belamente, como você.
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