27 de dez. de 2023

12/08/23

 


É a mesma velha ventania pelas ruas vazias de agosto 

As velhas folhas acertando meu rosto e suas primeiras marcas que não irão mais partir 

Em uma fração de segundo 

Um aroma também ancestral 

De eras repletas de uma poesia quase inocente 

Mas eu caminho sobre meu próprio caminho 

Enquanto as luzes da cidade começam a brilhar 

E vou só 

Ainda que não seja tão tarde

Eu vou só 

E leve 

Então asas me brotam dos ombros 

Ao sentir que me torno este agosto

Este agora 

Ao sentir que me torno as luzes da cidade 

Os carros que vem e vão

O perfume das mangueiras e eucaliptos em flor 

O céu escuro abraçado por nuvens pesadas 

E por um instante 

Por uma minúscula trégua do tempo 

Tudo é perfeito 

Pois não há medo.