27 de dez. de 2023

01/12/23



 Uma pequena ode ao sono profundo das palavras,

Às, novamente, últimas sementes lançadas ao solo árido,

Ao preço insano pago pelos sonhos,

Aos últimos sentimentos.

Na alma, sei, há vastidão inclemente,

Mas faz-se luz, muita luz, tanto que pouco se vê.

O que ainda há para ser dito, rogado?

Uma prece profunda, uma viagem demorada rumo a um longo adeus.

E essas palavras, sempre elas, a trazer e a levar,

A trazer e a levar...

Como ondas calmas e fortes.

E eu temo em silêncio.

Temo que sem palavras e sem sentimentos 

Acabem-se os poemas de amor,

E ninguém sinta falta.

Pois que coisas maiores se perderam pelas dobras do tempo,

E os poemas todos, de amor ou não, 

Adormecem esquecidos, adornando velhas estantes,

Restando apenas um despretensioso devaneio por uma tarde muito ensolarada,

Restando apenas versos de um velho poeta que eterniza memórias ainda mais velhas,

que assim como essas,

A ninguém interessam mais.