Escreve -se, talvez, para represar uma magia que insiste em escapar por entre os dedos, por entre o ordinário da vida;
Sem se dar conta muitas vezes que é esse fluir, é esse viver comum que gera todo o encanto.
Escrevendo se desafia o tempo: agora mesmo, há dez anos, estamos eu e meu pai ali fora, recém chegados a esse lar, esperando pelos clarões no céu, ouvindo uma canção sobre o futuro levar o passado embora...
Só que o futuro nada leva.
E repito de novo e outra vez, como disse o poeta, que em mim nada é extinto ou esquecido.
Tudo permanece aqui, vivo, quente, pulsando.
Mas não permanece o mesmo, e eu gostaria às vezes de ir para longe e observar o tanto que a alma cresceu.
Em meio às turbulências tantas, as flores plantadas, os amores perdidos, os abraços dados, os sorrisos recebidos, chegamos a uma lágrima humilde, de uma gratidão tão, tão pura, escorrendo morna e lenta...
Do pouco que sei, de algo estou certo, o sinônimo de vida é recomeço.