15 de dez. de 2022

 


Não resta inocência o bastante para acreditar em equívocos 

Quem nos dera existir o acaso 

Assim teríamos um culpado para algo

Além daquele que nos observa nos reflexos

São tempos estranhos

Os céus e suas nuvens 

As ruas e seus edifícios

Tudo parece estar nos devidos lugares 

Contudo eu vi

Senti

Eu vejo

Sinto

Quando tudo isso desaba sem soar alarmes 

Sem se importar com o que está abaixo

É tudo tão silencioso 

Como a voz dos anjos que nunca respondem 

É tudo tão pesado 

Como as ilusões infrutíferas que nos fazem enxergar milagres 

Onde eles jamais habitariam

E nesta parte haveria um porém

E surgiriam então palavras como 

Luz

Alvorada

Esperança

Mas vejo-me parte do cenário desconstruído

E apenas observo então os escombros do céu

E as minhas roupas gastas

Os meus sapatos sujos

As minhas mãos vazias 

E meu coração com seus ininterruptos

E cada vez mais ignorados

Clamores.