Ainda há
Quase completamente ocultas entre os estrondos
Entre as horas velozes
E dias amargos
Manhãs de domingo
Em que o único som é o do vento
Fazendo dançar as folhas
Fazendo rodopiar as pequenas borboletas amarelas
Enquanto visitam suas flores
Ainda há a claridade solar atravessando delicadamente as cortinas
E é então como se nada doesse
Como se nada faltasse
E tudo estivesse no lugar em que deve estar
Em momentos assim eu quase consigo imaginar
Teu olhar amoroso
Teu sorriso iluminado
Protegendo e guiando
Como o maior dos mestres
Por isso emociona ver as luzinhas anunciando tua chegada
Pelas praças
Pelas ruas
Pelas varandas humildes
Pelos corações alquebrados
Por isso todas as palavras não bastam
E nem toda poesia
Descreve a mansidão com que ainda nos acolhe em teu santo abraço
E enquanto falam em teu nome trajados de ouro
Encarcerados em tempos suntuosos onde não porei jamais os pés
Eu daqui
Tão pequeno
Te vejo na chuva que verdeja os campos
Na força e na gentileza de minha mãe
Nos sonhos em que caminha também descalço ao meu lado
Como se eu quase fosse digno de segurar tuas mãos
Como se eu quase fosse digno de ser teu irmão
Eu te sinto aqui
Dentro desse peito que é repleto de máculas
Mas que um dia
Eu sei
Também será repleto de Amor.
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