A noite tem um resquício do perfume do suor de sonhos ancestrais; das horas rápidas, dos corpos quentes.
E fragmentos desses velhos tempos mergulham céu abaixo como suave garoa... memórias que chovem mansamente.
Aqui todas as coisas se encontram fora dos lugares que deveriam estar, e precisamos fingir que está tudo bem, enquanto quase nada está.
Antigos e novos fantasmas disputam a carne da delicada paz que resiste defendendo um coração ainda mais frágil;
Mas eu caminho em direção às pequenas luzes artificiais de cabeça erguida, ainda completamente preenchido de vida, acreditando por um instante que algo do menino de 17 sobrevive abaixo dos escombros de tantos dias cinzentos, cantando e dançando uma canção boba de amor.
E eu me peço perdão novamente e me perdoo novamente, porque é preciso acreditar que virão dias de cantar e dançar novamente mesmo que há muito tenha se passado os 17 e sua esperança.
São tempos estranhos em que até os ditos consoladores trazem uma mensagem de resignação adornada de desespero. Suas vozes me confundem e se perdem pelo vento que uiva por entre as árvores.
E eu não sei mais quem diz a verdade.
E eu não sei mais pelo que espero.
Então fecho os olhos e caminho sem ver a direção... mas continuo a caminhar, incessantemente, enquanto a canção me pede para cessar o pranto.
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