E eu precisava dizer, pôr à tona.
Ainda que ninguém ouvisse, ainda que ninguém houvesse, ainda que a ninguém fizesse sentido.
Porque a noite com seus aromas estranhos e relâmpagos no horizonte distante penetra pelos poros, por todos eles, e eu a absorvo como uma memória de eras ancestrais enquanto vago pelas mesmas ruas que me parecem tão outras agora que banhadas em tanta escuridão.
E logo sinto ser eu a figura fantasmagórica que se esgueira pelas calçadas e trilhas, silencioso e esguio, sem ser notado, como em um sonho onde estou no tempo errado, mas ao contrário da realidade, de alguma forma, não estou profundamente sozinho.
E essa sinestesia entorpece, mas não fere. Por um instante nem mesmo a saudade e o sonho que me arranham a pele e me transpassam a carne todos os santos e profanos dias têm tanto poder.
Em alguns anos os arrependimentos serão o tempero das lembranças e esses tempos loucos talvez façam falta... talvez.
Porque ainda há tanta beleza oculta lá fora;
Porque ainda há tanta vida guardada aqui dentro.
Nenhum comentário:
Postar um comentário