Esse tempo que passa agora de uma forma tão estranha não se faz mais necessário para tornar algo sagrado.
Sim, as coisas sempre precisaram se perder em um passado remoto para que seu brilho fosse mais raro e valioso, mas agora as velhas regras parecem não mais valer.
Isso é bom porque os instantes banais e solitários ganharam algum adorno de emoção.
Isso é ruim porque as mãos já estão feridas de garimpar dias brutos e repletos de distância em busca de algum sentimento mais nobre.
Mas eu quase me esqueço da auto condenação enquanto imagino que a leveza dos momentos idos pode em breve retornar...
A chuva que cai mansa sobre os telhados dos santos e dos profanos me faz sonhar com o caminhar pelas ruas sem medo; talvez mãos dadas, talvez um Lar.
São tempos em que até o mais ingênuo dos poetas teria receio em falar sobre a esperança, eu repito... E tanto já foi dito e sentido para preencher de alguma vida as horas que se arrastam sem encanto; mas eu ainda vejo no fundo de alguns olhos faíscas de uma vida tão pura e tão bela.
Estamos resistindo, cansados ou feridos, nos alimentado de migalhas de poesia e afeto; amando ou esperando, entorpecidos ou despertos.
Estamos resistindo, superando pecados e absolvições, o amor e a indiferença.
Estamos resistindo, porque estes são os tempos sagrados. Não os que se foram ou os que virão. Mas estes, onde, só neles, podemos ousar sonhar de novo.
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