7 de fev. de 2021

18/01/21

 



No último ou penúltimo amor foi preciso tirar a voz das palavras,
Pois que o vento já estava de ombros cansados de carregá-las para a distante e opaca atmosfera onde repousavam até evanescerem por completo.
No último ou no penúltimo ano houve mais medo que esperança, mais despedidas que encontros, tudo abrindo no peito uma ferida difícil de esconder.
Mas sempre há um mas...
E uma canção suave leva flores até os cabelos de uma lembrança que não sabe sorrir, mas que também já não faz tantas ameaças;
E meus pés quase flutuam por uma estrada que, mesmo sendo tão solitária, sempre me leva para casa;
E eu guardo as lágrimas para as orações, para os poentes, para as rosas deixadas na areia antes do mar as carregarem para o infinito azul.
Talvez isso que se mostra como poesia seja apenas a seiva da vida... Porque eu ainda me lembro do abraço forte em meio às árvores centenárias, e toda a força e toda a segurança, com o mundo apenas girando sem doer. 
E eu procuro o caminho ao velho sagrado jardim para mais vez curar com flores e frutos o espírito empobrecido de sonhos para assim deixá-lo reluzir, quem sabe, ainda mais uma vez. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário