16 de fev. de 2016
Verborragia
Arrasto os lentos olhos pelo velho livro carcomido
por poemas e sentimentos famintos.
Faz silêncio.
Minha razão, agora que considera-se forte e fria,
tenta estancar o vazamento de ânsias e esperanças
que ainda restam no peito lúgubre e mutilado.
Nega que há nele algo de Belo,
Belo como a luz do poente que abraça o verde-esmeralda das folhas do salgueiro.
Talvez já não houvesse...
Mas aqueles gestos meigos acolhiam com carinho
minha verborragia com doçura.
E eu pensava que talvez, por descuido, não se houvesse perdido
todo encanto do mundo.
Então, na tarde, meus olhos garoam, a alma sorri.
Há beleza demais na recente memória para tremer de medo e desilusão.
Que o destino seja delicado ao lidar com o que inspirará outros versos...
É tarde: volta a ser vivo o coração.
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