Desperdiço as horas em versos baratos, rasos;
Frágil luar que pouco encanta.
Eu sei que lá fora o caos domina,
Também aqui dentro.
É sempre silêncios ou ruídos demais,
Faltam canções, faltam vozes humanas.
Por que então chorei ao avistar aquele pedaço de arco-íris?
Não sou eu o que desacredita em milagres?
Mas sinto que não importa em quantos pedaços foi feito o coração,
Ele ainda é um coração;
Como uma árvore sem suas folhas, flores e frutos ainda é uma árvore.
Não quero assumir que tenho as respostas,
Ainda que frágil, a ignorância serve de escudo.
Mas é tarde, sei que já sinto, sei que já anseio.
E não me esqueço do perfume, do calor, do toque dos dedos...
Eu sei que seria mais fácil, até lógico, não mais sonhar.
Mas é tarde. Os olhos já brilham. O coração já bate.
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