26 de nov. de 2014

Vida após o sonho


Ainda que lágrimas, lentamente, se acumulem nos olhos,
Sorrio enquanto me abraçam dores macias.
Eu mantive minha promessa. 
Eu continuei.

Olho com carinho para minhas pretensões. 
Tantos mal têm a chance de sobreviver... e eu,
Eu queria sonhar, e mais, fazer sonhar,
E mais: fazer da realidade um sonho.

Não restam sonhos...
Ainda que o sol nasça e morra todos os dias;
Ainda que eu nasça e morra todos os dias,
Não resta sonho.

Não há o combustível, o elixir divino
A guiar, saciar e dar possibilidade de desbravar o longo caminho.
Há o passado.
Há o futuro.

O passado imutável, com suas gentis lembranças;
Lembranças grandes, reluzentes demais para alguém tão fraco.
O futuro; apenas uma nuvem negra no horizonte,
Clareada por relâmpagos horripilantes.

Eu deveria ser grato pelas novas dores;
Por sofrer essa dor tão bonita, tão única.
Deus sabe... de alguma forma eu sou.
Um coração que sangra ainda é um coração que bate.

Talvez esta seja a despedida da juventude da alma.
Não há mais tempo para uma velha boa canção,
Ou para colher perfumes na estrada.
Ou há? 

Se até o amor é destrutível,
Não seriam destrutíveis as sombras que nos perseguem?
Não resta nenhum poder mágico, daqueles de menino,
Para iluminar a densa noite escura?

Pois o infinito, aquele infinito que procurei em todos os caminhos
Em todos os olhares, em todos os lugares,
Talvez exista...
Adormecido dentro de mim.

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