22 de nov. de 2014

Assombrado


Todas aquelas memórias,
Imensas, ínfimas.
Toda aquela voracidade e delicadeza,
Toda aquela perfeição...

Anjos malignos a me assombrar.

Que mais querem de mim?
Já não devoraram minhas parcas relíquias?
Todas canções, todos sorrisos, todos bons sentimentos...
Se foram.

Mas sinto o vento frio e silencioso dessas asas.

Ainda me espreitam, como ladrões noturnos.
Tento correr, mas as pernas pesam, o coração pesa.
Beijo novamente o concreto sujo do chão,
Tudo o que sobrou das nuvens de outrora.

Nada. Não querem nada.

E é isso o que de fato me assombra:
A quietude, o fim, a morte da luz;
Da luz que não será novamente acesa,
Que não me guiará... Jamais.






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