12 de nov. de 2014

Peito


Há um grito infindo escorrendo através do meu silêncio.
Pode não haver força no braço, na voz, no punho,
mas há no peito. Há o peito.
E o peito resiste, ainda que morra, ainda que esmagado,
ainda que negado.
Resiste, o peito.
Resiste, insiste e busca,
Não mais saber quem o outro é ou foi,
Mas quem eu sou.
Que busca além de amar o outro,
amar a si mesmo.

E por ter sido me dado o direito ao grito, também gritei.
Ainda que meu grito se voltasse contra mim, gritei.
E por ter me sido dado o direito ao amor, amei.
Ainda que o amor me consumisse, como a chama devora a palha.
E pelos direitos me dados, e principalmente, pelos direitos me negados,
Grito novamente, amo novamente!
Ainda que mudo, ainda que sem o amor!
Rosno de volta para a vida que ameaça me tirar pedaços!
Minha alma não será novamente levada, 
não sem minha permissão!

Fica na minha palavra invisível minha eternidade.
Pode ser pouco e simples demais esse meu destino,
mas o adornarei com flores, acenderei para ele árvores de natal.
Porque o peito morto ressuscita enfim, frágil e carente,
mas Belo. 
Belo novamente, sem as manchas da mágoa, do medo.
E embora jamais venham a me enxergar como eu gostaria, 
admiro com respeito os belos olhos verdes da Esperança.
Pedi para que ela partisse,
Rogo para que ela regresse.

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