12 de nov. de 2014
Purgatório
Neste caminho infestado de anjos e demônios
rogo por uma face, como a minha, apenas humana.
Alguns acreditam que se tornarão alimento para vermes
outros, que somos poeira de estrelas.
Todos tão certos.
Todos tão errados.
Todos instantes infinitos.
Como uma deusa louca e gentil
a arte me abraça,
beija-me, acaricia-me. Ao menos ela...
Vê em mim o vazio repleto de quimeras que também vejo nela.
Ambos sabemos como perfura a alma a fome pelo Belo.
E como sempre, nos fundimos, confundindo a luz falsa dos holofotes
com a verdade enegrecida.
A fórmula da dor.
Mas este magnífico e horrendo estado indefinido é uma espécie de lar.
Aqui não visto fantasias angelicais ou demoníacas,
não me faço Homem, ou bicho.
Mas uma faísca brilhante que nasce e morre, nasce e morre,
como um céu estrelado adornado de poucas nuvens viajantes.
Dissolve-se pouco a pouco na memória o que deveria ser eterno.
Mistura-se o pó das velhas memórias ao das novas memórias;
Como cinzas de novos e velhos cadáveres.
Enfim, apenas eu me acompanho.
Como foi no princípio,
como será no fim.
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