O sonho primordial ronda pelas madrugadas quando apenas há escuro e ausência
Arranha portas e janelas
Lamenta atrás das cortinas
Me faz acender as luzes
Errar as palavras das orações
O nome dos anjos que ainda não voaram para longe
Soltam murmúrios na minha atmosfera
E eu me lembro de quando era um satélite danificado
Sem claridade própria
Sem mais uma rota certa
Girando ao redor de uma estrela que parecia imensa
Intocável
Uma inatingível ilusão magnífica
E eu me lembro dos versos ruins onde nunca pousaria seu olhar
Eu me lembro
Como se fosse agora o mesmo tempo simples de outrora
E todo esse vazio fosse a face mais grave da realidade
E então eu quase posso ver suas mãos dadas
Eu quase posso fingir que eu possuo algo que possa perder dessa vez
Mas é apenas mais uma carta endereçada ao fogo pouco antes da alvorada
Mais um suspiro profundo pela confusa mistura do que não foi
Junto ao que jamais será
E as canções que vêm ao socorro
Tão gastas canções
São gentis luminescências no breu profundo
Dolorido
Que apontam um caminho
Como uma trilha de pirilampos
Rumo a mais um esquecimento.
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