Era 1997
E nós
Pequenas crianças diante da grande tela
Onde o transatlântico cruzava oceanos
Fazendo nossos olhos brilharem como as estrelas de uma noite glacial
Enquanto sentíamos o perfume encantado
Que tempos mais simples exalam
Então
As primeiras linhas
Os primeiros pecados
As primeiras despedidas
E o mundo se tornou tão menor desde aqueles dias
Mesmo depois daqueles olhos da cor mais rara na natureza
Mesmo depois do amor e da desilusão
E as ruas da nossa velha cidade ainda são praticamente as mesmas
Um pouco menos seguras
Um pouco menos floridas
E todos que aqui caminham
Seguem como se soubessem para onde estão indo
Enquanto olham cada vez mais apenas para dentro de si mesmos
E todas as novas canções
Continuam como lamentos por tudo aquilo
Que não foi
Que não poderia ser
Mas o jasmineiro volta a florescer
E o céu reluz nas suas horas finais
Exatamente como sempre fora
Acima nada está diferente
Há também as primeiras luzes de natal surgindo
As pracinhas enfeitadas pelas cansadas senhoras
O sorriso de minha mãe cheio de esperança
Nada é perfeito
Mas há em tudo algo de tão Belo
Como se a realidade não fosse uma inimiga insensível
Mas quem sabe
Uma elegante deusa
Que todos os dias esculpe
E oferece
Uma nova alvorada.
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