19 de nov. de 2022




Era 1997

E nós

Pequenas crianças diante da grande tela

Onde o transatlântico cruzava oceanos

Fazendo nossos olhos brilharem como as estrelas de uma noite glacial 

Enquanto sentíamos o perfume encantado

Que tempos mais simples exalam

Então 

As primeiras linhas

Os primeiros pecados

As primeiras despedidas

E o mundo se tornou tão menor desde aqueles dias

Mesmo depois daqueles olhos da cor mais rara na natureza 

Mesmo depois do amor e da desilusão

E as ruas da nossa velha cidade ainda são praticamente as mesmas

Um pouco menos seguras

Um pouco menos floridas 

E todos que aqui caminham 

Seguem como se soubessem para onde estão indo

Enquanto olham cada vez mais apenas para dentro de si mesmos 

E todas as novas canções 

Continuam como lamentos por tudo aquilo 

Que não foi

Que não poderia ser

Mas o jasmineiro volta a florescer

E o céu reluz nas suas horas finais

Exatamente como sempre fora

Acima nada está diferente

Há também as primeiras luzes de natal surgindo 

As pracinhas enfeitadas pelas cansadas senhoras 

O sorriso de minha mãe cheio de esperança 

Nada é perfeito

Mas há em tudo algo de tão Belo

Como se a realidade não fosse uma inimiga insensível

Mas quem sabe

Uma elegante deusa

Que todos os dias esculpe

E oferece

Uma nova alvorada.

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