8 de nov. de 2022

 


Não seria a primeira vez 

Que ao ser aquecido por uma voz terna

O silêncio fingiria se tornar menos cruel

E nos cantos da noite profunda

Brilhariam pequenos encantos intocáveis 


Essas pequenas gotas de um elixir mágico 

Que perde seu poder cada vez mais rápido

E logo só resta esse tolo esforço 

Em usar palavras exaustas para lapidar uma escultura 

Que derrete mesmo ao mais gentil toque 


São outros velhos dias

E eu observo todas as antigas poderosas memórias

Agora desfalecidas

Inofensivas 

Encolhidas pelos vastos cômodos vazios da alma


Então uma curta canção

Chovendo sobre o peito que tenta sempre florir

Mas cuja estiagem nunca cessa

E mais versos insípidos

Sobre a saudade de promessas nunca feitas 


Então uma pequena canção 

E todo o mundo a ser reconstruído outra vez 

De novo e de novo

Como um eco se perdendo na escuridão 

De mais uma madrugada como essa.

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