24 de nov. de 2022

 


Como não ter medo?

Por vezes a realidade é uma dama cruel

Exata e fria

Como que de olhos vendados

De ouvidos tampados 

Às nossas súplicas e prantos 

E o que é a poesia

Senão essa adaga dourada

Bela e frágil 

Em riste para essa quimera gigantesca

Dantesca 

Que ruge faminta sem cessar?

Mas quando quase me rendo

Ao longe espocam pequenas felicidades ilusórias 

A noite quando chega

É recebida pelo perfume do jasmineiro em flor

As luzes de natal que se aproxima

Encantam nosso olhar cansado

A coragem de minha mãe 

Armada de esperança e fé 

Dilui o medo 

Como chuva de verão limpando a atmosfera

E por fim meu coração bate forte 

Firme

Como se nunca houvesse se partido

Em tantos pedaços 

Tantas vezes

Assim olho então a nobre e brava dama

Fundo nos olhos

E sorrio

Damos as mãos 

Decretamos trégua 

Ao menos por essa noite.

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