Foi ontem
O abraço cheio de ternura,
Algumas lágrimas diante da imensidão incerta do futuro,
Como que dizendo:
O pequeno ponto escuro no peito
Jamais contaminará todo amor que ali há.
E no velho papel amassado
A lembrança rabiscada:
A vida ainda é forte,
E refloresce.
Agora sinto que chove...
E as tintas frágeis com que pintamos nossos sonhos
Ameaçam escorrer pelos pilares
Que sustentam o coração.
Mas sei que a esperança surge nessas estações assim
Duras,
Inexplicáveis,
Quando as orações perdem suas palavras ordenadas
E resta o olhar para o horizonte,
Para alguma beleza singela,
Para algum sorriso gentil.
Dói, como não?
Os anos passando rápido como as águas de um rio
Que ressoa murmúrios sobre o fim daqueles tempos dourados,
Daqueles tempos em que o tempo não existia,
E se vivia de instantes
Costurados na infinita colcha de retalhos da existência.
Hoje então chove, como dito,
Mas chove feito entoado pela canção:
A chuva que deságua feroz
Alimenta a nascente da vida que o medo tenta,
Sempre sem sucesso,
Secar.
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