11 de nov. de 2022

 


Foi ontem

O abraço cheio de ternura,

Algumas lágrimas diante da imensidão incerta do futuro,

Como que dizendo:

O pequeno ponto escuro no peito 

Jamais contaminará todo amor que ali há.

E no velho papel amassado

A lembrança rabiscada:

A vida ainda é forte,

E refloresce.

Agora sinto que chove...

E as tintas frágeis com que pintamos nossos sonhos

Ameaçam escorrer pelos pilares

Que sustentam o coração.

Mas sei que a esperança surge nessas estações assim

Duras,

Inexplicáveis,

Quando as orações perdem suas palavras ordenadas 

E resta o olhar para o horizonte,

Para alguma beleza singela,

Para algum sorriso gentil.

Dói, como não? 

Os anos passando rápido como as águas de um rio

Que ressoa murmúrios sobre o fim daqueles tempos dourados,

Daqueles tempos em que o tempo não existia,

E se vivia de instantes

Costurados na infinita colcha de retalhos da existência.

Hoje então chove, como dito,

Mas chove feito entoado pela canção:

A chuva que deságua feroz 

Alimenta a nascente da vida que o medo tenta,

Sempre sem sucesso,

Secar.