5 de dez. de 2014
Santuário
Os suspiros fantasmagóricos que dos meus olhos sugam lágrimas,
São brados de um coração à beira da morte... à beira do precipício.
Suplicando uma alva e macia mão que não existirá mais...
De que me servem olhos que para a verdade se fecham?
De que me serve um céu, se contemplo estrelas mudas em solidão?
De que serve o luar, se transforma flores em sombras que me amedrontam?
Meu santuário é um cárcere.
De que serve o sol, se nas horas de pavor não sinto sua luz?
De que serve a noite bucólica e bela, se apenas eu nela existo?
De que serve a mais bela memória, se só dor me oferece?
Meu santuário é uma ruína.
De que serve minha fé, se nenhum Anjo responde à minha voz?
De que serve flutuar, se tudo no mundo aparenta estar submerso?
De que serve a palavra, se o fim já colocou o ponto final.
Meu santuário está adoecido.
Se despertasse minha força, apenas a Deus eu temeria.
Se a alma não fosse escrava do sentimento, seria mais poderosa que a harpia.
Se já não fosse tarde demais, eu começaria tudo de novo.
Meu santuário é o Amor.
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