Como eu diria que são válidas minhas cicatrizes?
Se nem sei onde estão, que cor elas têm, quão profundas são...
Como eu prometeria o paraíso?
Se da angelitude nada conheço, nada possuo...
Como eu ofereceria a força?
Se sou composto de flores tão humildes...
Mas se estou aqui, se os olhos ainda marejam diante do Belo;
Deve haver algo mais.
Além da noite escura, do corpo frágil, do espírito partido,
Há algo.
Meu Sentir, a parte mais pura e confusa,
Diz.
Já não me assombra a proximidade dos demônios
Nos longos pesadelos da madrugada.
Já não me apavora a escuridão, nem me ilude a claridade.
E ainda que aquele sorriso nunca reflita em meus olhos,
Agora sei que a esperança sempre será meu solo,
Meu cobertor.
Já levaram tanto...
Um relicário destrancado, vendo tesouros se perderem.
Quem sabe enfim seja hora de enxergar que podem levar luzes e sonhos,
Mas não podem levar o que emite a luz, o que fabrica os sonhos.
E ainda que sejam luzes ínfimas, sonhos mínimos,
É de mim que partem.
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