Cai agora a mesma chuva da meia-noite
Como em outros janeiros seu fantasma circula pela sala
Flutua pelos acordes
Pelas águas que descem lentamente pela janela
A janela de onde vi uma estrela ascendente
Para qual hoje estou de costas
E oculta o céu carregado
Onde nada brilhou da mesma forma novamente
Talvez pela purgação dos meus tantos pecados
Talvez pela grosseria e indelicadeza da vida
Em desconstruir meticulosamente cada utopia
Apenas uma vez eu menti...
Quando eu disse que alguém atravessara aquela porta
Aquela porta que só você soube como destrancar
Só você soube como encontrar
Então eu olhei para ela
Ano após ano
Até que ela ruiu
Se desfez como um dente de leão ao sopro
E nada nunca mais se aproximou desde então
E eu gritei e criei formas de desenhar com todas as cores possíveis uma dor tão única que nunca nunca nunca partiu por completo e que sempre sempre sempre volta quando a chuva cai ou uma certa canção toca porque nada jamais poderá ser novamente tão imenso como o céu quanto você foi antes de despertar e emergir do pequeno e tolo mergulho naquela nossa preciosa ilusão que não resistiu à grande distância e à amarga realidade.
Novamente, adeus
Novamente, olá
Todas as roseiras plantadas naquele ano já morreram
E eu fiz versos rasos a outros olhos fingindo não lembrar mais dos seus
E eu fiz orações para todos os deuses mortos e vivos pedindo que o trouxessem ou o levassem de uma vez
Apenas outra vez eu menti...
Dizendo feito o grande poeta
Que meu amor se alimentaria do seu amor
E que se de repente você de esquecesse de mim
Eu o já teria esquecido
Feito que já nem uma sutil memória consigo ser
Já você
Continua ocupando mais espaço que todo o céu.
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