Outra batalha se aproxima.
Você escuta os tiros, os canhões, os trovões.
Outra vez o sangue será derramado, diluído na chuva fina de mais um janeiro hostil.
Não é sua guerra, mas apresente-se ao fronte.
Não são seus crimes, mas empunhe seu escudo e espada contra a noite, de novo e de novo.
Aceite sua pena, avance contra os inimigos que não são seus.
E veja tombarem, espumarem, sangrarem.
Assista, assista, ouça, ouça.
Engula, aceite, cale.
Silencie, resista, suporte, o golpe já vem. A macula, a facada, o sonho ruindo desde os alicerces. Os trincos, as rachaduras, o desabamento.
Então erga-se dos destroços, afaste os escombros, espere o novo ataque, o novo grito de socorro, o novo desespero que não tarda.
Não cessa. Não acaba.
Levante, avante!
A trincheira aguarda, o estrondo, a farpa, a lama.
Não dê as costas, covarde!
Falta muito para a alvorada,
Falta tudo.
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