29 de out. de 2021

Valsa

 


A fera e a presa 

Dançam juntas

Entre juras e mentiras 

Desde as longas noites ancestrais 

Até os dias de sol inclemente 

Em que as flores tolas sucumbem 

Diante da luz que lhes dá vida


E as canções e as imagens 

E o doce caminhar das moças 

E o belo marchar dos moços 

E a juventude

E os cabelos encaracolados ao vento 

Do tempo

Tudo cria um cenário propício às perdições 

Nocivas ilusões

Como o sol que dá e tira a vida

Como a noite que encanta e ameaça

E nós falamos sobre o amor

E sobre a solidão 

De forma blasfema 

Como se soubéssemos do seu peso

Do seu encanto

Do seu excesso

Da sua falta


E tudo isso

Tudo isso que de pouco vale

Toda essa insistência

Esse medo

Esse desejo 

São os passos nesse pequeno 

Ou imenso

Palco de vida

Em que representamos ora uma

Ora outra

Coisa 

Ora caça

Ora caçador

Mas quase sempre só

Sendo o que resta da luta

Das duas personagens.

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