A fera e a presa
Dançam juntas
Entre juras e mentiras
Desde as longas noites ancestrais
Até os dias de sol inclemente
Em que as flores tolas sucumbem
Diante da luz que lhes dá vida
E as canções e as imagens
E o doce caminhar das moças
E o belo marchar dos moços
E a juventude
E os cabelos encaracolados ao vento
Do tempo
Tudo cria um cenário propício às perdições
Nocivas ilusões
Como o sol que dá e tira a vida
Como a noite que encanta e ameaça
E nós falamos sobre o amor
E sobre a solidão
De forma blasfema
Como se soubéssemos do seu peso
Do seu encanto
Do seu excesso
Da sua falta
E tudo isso
Tudo isso que de pouco vale
Toda essa insistência
Esse medo
Esse desejo
São os passos nesse pequeno
Ou imenso
Palco de vida
Em que representamos ora uma
Ora outra
Coisa
Ora caça
Ora caçador
Mas quase sempre só
Sendo o que resta da luta
Das duas personagens.
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