28 de jun. de 2021

28/06/2021

 


Não é preciso mais colher no vento gélido que inicia o inverno estilhaços cortantes de passado,

Não é preciso ajoelhar-se outra vez sobre esses cacos implorando a remissão dos mesmos enganos. 

Se já estão todos perdoados, é chegada a hora da misericórdia diante das próprias acusações. 

Ainda arrasta o coração exausto pelas ruas esquecidas, ferindo-o com teu olhar severo... 

Mas houve um dia, lembra-se?

Um dia em que não se deixou destruir e aconchegou roseiras no solo quase infértil, 

e elas floriram, 

e a dor quase passou. 

E não foi coragem isso de se desconstruir pedaço por pedaço e chorar diante da desordem e sorrir por cada peça que foi sendo colocada em lugar mais correto? 

Não foi o medo que te deu o machado para derrubar a frágil e imensa torre das tuas ilusões? 

Não virá a aprovação sorridente dos velhos anjos, e tudo bem, é passado seu tempo.

Hoje o reflexo ainda incompleto de todo causa certa angústia... E tudo bem, virá o seu tempo.

Mas deixe sobre o vento que aos poucos se acalma o fardo da ingratidão e do vazio. 

Hoje a alma se encolhe e silencia, amanhã ela renasce, imensamente.