Não é preciso mais colher no vento gélido que inicia o inverno estilhaços cortantes de passado,
Não é preciso ajoelhar-se outra vez sobre esses cacos implorando a remissão dos mesmos enganos.
Se já estão todos perdoados, é chegada a hora da misericórdia diante das próprias acusações.
Ainda arrasta o coração exausto pelas ruas esquecidas, ferindo-o com teu olhar severo...
Mas houve um dia, lembra-se?
Um dia em que não se deixou destruir e aconchegou roseiras no solo quase infértil,
e elas floriram,
e a dor quase passou.
E não foi coragem isso de se desconstruir pedaço por pedaço e chorar diante da desordem e sorrir por cada peça que foi sendo colocada em lugar mais correto?
Não foi o medo que te deu o machado para derrubar a frágil e imensa torre das tuas ilusões?
Não virá a aprovação sorridente dos velhos anjos, e tudo bem, é passado seu tempo.
Hoje o reflexo ainda incompleto de todo causa certa angústia... E tudo bem, virá o seu tempo.
Mas deixe sobre o vento que aos poucos se acalma o fardo da ingratidão e do vazio.
Hoje a alma se encolhe e silencia, amanhã ela renasce, imensamente.
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