3 de fev. de 2018

Sentia-se


Voltara a conseguir ver relâmpagos mornos de um poente escarlate.
Havia sim (como haveria de não haver?) no mesmo céu densas nuvens,
Negrumes frios, rondando silenciosos mas ameaçadores;
Mas por um instante era finda a queda livre,
Era findo o efeito anestésico que entorpecia a alma:
Sentia-se.
"Não pense agora. Sinta.
Use o pensar depois, para rememorar o sentir."

Não deixa de ser um lapidar cada vez mais dolorido
Essa busca pelo poético nos escombros expelidos
Pelo que a realidade devora;
As mãos doem, o peito se contrai, o medo traz temores,
Mas louca e santa a esperança baila despreocupada,
Indiferente aos tantos finais de mundo.
Bailo eu junto dela por alguns instantes
e o sol já deitou com doçura nos lençóis do horizonte...
Eu ainda volto, sim. Logo eu volto, sim.

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