17 de fev. de 2018

Preciosidades



Um diamante no fundo da terra não tem valor. 

Quem sou eu, mas talvez a preciosidade de qualquer coisa esteja não só em sua raridade, mas nas mãos; nas mãos que colheram, que lapidaram; nas mãos que colheram e semearam.
É sempre tempo de colheita, de semeadura, de dura luta, de saudade, de floração. 
Quando o coração está mais puro, vê-se que tudo emana amor: as pequenas flores brancas da jabuticabeira, pequenos pompons brancos delicados, a semente brava que resistiu ao inverno e no verão cresceu toda sorrindo, a fé que volta depois de dura distância, como o verde volta pro sertão depois de longa estiagem.
Eles se assustam quando dizemos que o amor é eterno. Porque soa como um pedido, como um nunca se vá daqui, mas a eternidade do amor também reside calma e branda no peito, como aquela árvore solitária no campo que flori tão bela sem que ninguém sinta seu aroma.
Ainda estamos aqui, meu caro, minha cara... Ainda caímos nos caminhos do erro e da fraqueza, pecamos contra nós mesmos, desistimos, mas o coração é como uma terra bruta, pedregosa, que um dia não abrigou nada além de restos e escombros, mas hoje, pacientemente, ora ou outra, flori tanto.
Eu já vi isso antes...


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