Se por fim habito as ruínas dos antigos sonhos,
É por ter nas mãos e nos olhos a lembrança que os criei.
O coração, por mais rudimentar, por mais primitivo que seja,
Soube ter a delicadeza de sozinho construir linda quimera.
É certo que foi tal quimera a devorá-lo,
Ou pior que isso, a deixá-lo sem dizer até adeus.
Mas por um instante eu tive a perfeição por entre os dedos,
E a luz por todos os cantos da alma.
Se habito a ruína de antigos sonhos,
Não é por medo ou desespero,
Mas por compaixão com a memória que pede,
Pede para que eu insista na reconstrução.
Esperarei... esperarei que a memória seja levada,
Levada por esse vento seco de outono.
Então partirei também, sem sonhos, sem desejos.
Partirei de mim. Livre.
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