2 de abr. de 2016

Flor branca


Aos poucos vou encontrando os pequenos cacos,
Como pedaços de um espelho partido,
Que nunca será completo,
Que nunca irá refletir o mesmo reflexo.

Mas talvez nada esteja tão diferente assim...
Olhos cansados enxergam melhor.
E eu sei que você se surpreenderia
Com o que eu ainda acho extraordinário.

É manhã.
Eu vejo a imagem de um sorriso em eras tristes.
Ninguém soube antes o que se passava no peito,
E mesmo com tantas palavras, ninguém sabe agora.

E começo a não temer, ainda que sinta tanto.
Eu não quero o conforto dos orgulhosos,
A segurança dos protegidos.
Para ter algo, tive de perder tanto...

E o que meu corpo falaria sem a escrita de suas cicatrizes?
Algo resiste incandescente muito além dessa triste imagem.
Mas só é fácil amar o reflexo, frágil como uma flor branca,
Difícil seria amar a verdade.

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