10 de out. de 2015

Manifesto contra toda a dor


Haverá canções de amor nos dias de se guardar luto
E esperanças nas tardes em que o silêncio for maior que tudo.
Se encontrarão poemas em folhas rasgadas sobre os móveis;
Poemas tristes, poemas felizes, poemas de amor.
Haverá amor.
Ainda e quando ele não exista.
Haverá amor!
Porque todo medo é antinatural,
Toda dor é uma violação da alma,
Toda saudade, toda vontade; brisas intangíveis.

E meus olhos arderão até que olhos já não existam.
Minha fé queimará sem seu combustível, sem seu oxigênio.
E meu peito será vivo e pulsante,
Mesmo quando ninguém sobre ele pousar a cabeça,
Mesmo quando for apenas pó.

Estão depostos todos os tiranos,
Estão a um fio do fim.
Se aproxima o dia...
As nuvens voltam a banhar o jardim ressequido
E o sol inunda tudo de claridade após o dilúvio.
Agora sei que milagres não acontecem,
Já que tudo é um milagre.
E eu não aceito as migalhas atiradas ao chão!
Sento-me à mesa
E farto-me da vida que me é de direito.

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