21 de out. de 2015

Houve o amor


Veleja por este corpo um sangue envenenado pela indiferença.
Sim, houve o amor...
Um dia a alva estrela ascendeu no céu de uma magnífica noite,
e era um tempo de pura perfeição.
Não havia no ar respirado outro elemento além da felicidade;
Felicidade diluída em partículas,
Adentrando o organismo cansado e estéril,
Dando a vida só antes sentida quando menino,
E como menino, possuidor do poder de voar,
Por campos amarelos e prados verdes, tão vivo, tão livre.

Agora que tua voz meiga e aconchegante para sempre silencia,
Agora que teu adeus inexplicável é uma úlcera incurável
no âmago da alma;
Não há dor nos dias, na vida, no peito,
Pois já não resta vida.
Foi a vida junto de ti pelas estradas que nunca mais pisou.
Foi a vida sepultada junto aos sonhos putrefatos.

Mas quão terríveis são os anjos!
Por que deixas-me a memória, se tudo já me tirastes?
Deixas em minha mente a brandura da tua voz,
A maciez de veludo da sua pele,
A brancura do seu sorriso,
O azul celestial dos teus olhos.
E ainda que eu amaldiçoe o dia daquele milagre,
Ainda que eu odeie o amor que ainda insiste em queimar,
Como um vulcão de lava borbulhante,
Nem mesmo a morte levaria tua presença de mim.

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