17 de jan. de 2015
Ainda não o bastante
Doa, doa profundamente.
Os nervos que ainda não alcançou, torça-os.
E qualquer parte imaculada da alma, deite na lama.
Porque todo anjo é terrível,
E eu quero ser apenas homem.
Chega das vozes doces e do consequente silêncio ácido.
Basta das alturas imensas e das quedas sem fim.
Anjos frios, corrompidos por sua pureza,
De lindos e cruéis olhos juízes...
Perpétuas belas esculturas. Memórias mortas.
De nuvens tão distantes jamais enxergam corretamente.
Colocam o mundo no olhar, mas do mundo pouco conhecem.
Superiores demais,
Divinos demais,
Reluzentes demais.
Que não tarde a chegar o dia em que o desprezo seja o bastante,
O bastante para resgatar a alma das infrutíferas ilusões.
Que não tarde a chegar o dia em que o coração apenas bata,
E nada sinta.
Que não tarde a chegar o fim, pois depois dele há algum começo.