Aconchego-me em
meu silêncio... o tão dolorido e verdadeiro.
Aconchego-me na
dúvida, na sutil claridade da minha minúscula árvore de natal.
Os anos passam
e eu permaneço nas mesmas canções, permaneço nos mesmos medos infantis...
trancando nesse quarto repleto de noite fria.
O que espero
tão gentilmente?
O que está para
chegar e bater nessa porta?
Os dias passam
lentamente, escorrendo como a água de uma torneira mal fechada...
Uma água enferrujada
que não volta, que não é útil.
Enquanto eu
continuo implorando, implorando, implorando...
O que será
suficiente para saciar a fome do meu espírito?
Essa fome requintadamente
cruel.
O que mais
posso oferecer-me aos lábios amargos?
A solidão
voltou a não ser uma estranha para mim.
Eu voltei a
sentir aquele vento perigoso acariciando meus cabelos,
Dizendo que em
meu peito esconde-se um caçador sempre faminto.
Mas a
felicidade tenta ser bem vinda, enquanto eu recuo...
Recuo
adormecendo sobre minhas cinzas conhecidas, minhas cinzas macias.
Cinzas de
jardins queimados de inverno.
A felicidade
tenta ser bem vinda,
E eu peço que
não se aproxime demais.
Sei
da dor que ela deixa quando decide partir.*Em: "Alma à tona" - pag. 98
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