Faço-me chuva; silenciosa em sua queda indolor.
Precipitando-se não apenas absolvedora, mas absolvida.
Faço-me aroma e sabor de terra molhada, encharcada de
vida. Perdoada por suas flores até então não germinadas, amada por alguns de
seus frutos já suculentos.
Faço-me brisa pacífica, transportadora de docilidades.
Assim finjo que não ferem mais as dúvidas.
Finjo que com a vinda do outono tudo o que ainda persiste
morto e seco aqui dentro há de regenerar, acariciado pelo vento não tão dócil.
Finjo que sou quase divino, ao ponto de flores me brotarem
das mãos.
Finjo tão bem que acredito que nada mais dói.
E quase não dói...
Nenhum comentário:
Postar um comentário