20 de jun. de 2012

Noturno



Venha andar comigo na brisa da noite.
Deixar nossos passos impressos no aveludado chão negro dela.

Venha comigo colher perfumes, beber luares, apreciar a sutil e longínqua sinfonia de cães e grilos.
Mergulhar por entre um instante eterno de escuridão pacífica.

Venha, se as luzes intensas e os movimentos demasiados também exauriram seu espírito;
Se os sonhos que germinam do seu travesseiro também te asfixiam.

Venha, bem assim; sem me apresentar seu nome, sua voz, passados e expectativas, e até mesmo sua face; apenas seu perfume, talvez.
Vamos apenas ser companheiros mudos que vagam por vielas desertas; ofereço-te tudo o que eu sentir, se você me oferecer um pouco do calor da sua mão.

Flutua comigo acima das sonolentas florinhas brancas,
Deixe-me te fazer sorrir...

Venha, vamos saciar nossa fome de estrelas.

Venha, e abraça-me,
lentamente,
enquanto vou dissolvendo-me junto das primeiras claridades solares.

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