Venha andar comigo na brisa da noite.
Deixar nossos passos impressos no aveludado
chão negro dela.
Venha comigo colher perfumes, beber
luares, apreciar a sutil e longínqua sinfonia de cães e grilos.
Mergulhar por entre um instante eterno
de escuridão pacífica.
Venha, se as luzes intensas e os
movimentos demasiados também exauriram seu espírito;
Se os sonhos que germinam do seu
travesseiro também te asfixiam.
Venha, bem assim; sem me apresentar
seu nome, sua voz, passados e expectativas, e até mesmo sua face; apenas seu
perfume, talvez.
Vamos apenas ser companheiros mudos
que vagam por vielas desertas; ofereço-te tudo o que eu sentir, se você me
oferecer um pouco do calor da sua mão.
Flutua comigo acima das sonolentas
florinhas brancas,
Deixe-me te fazer sorrir...
Venha, vamos saciar nossa fome de
estrelas.
Venha, e abraça-me,
lentamente,
enquanto vou dissolvendo-me junto das
primeiras claridades solares.
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