Este coração que tem aparência tão dura e fria já foi quente e
macio.
Este coração que é afagado pelo vento frio dum início de
inverno já foi mais aberto.
Já foi mais sensível.
Já foi mais pulsante.
Mas o mundo ainda está lá fora, com suas cores quentes.
E tantas vezes ainda também parece haver vida aqui dentro.
Eu sei, foram as erupções que deixaram meu peito duro e
frio.
Quanto tão tocado ele vazou fogo líquido.
É uma dor tão maravilhosa.
Fogo que escorre, destrói, fertiliza.
Fogo que cravejou na crosta desta alma tudo o que ela viu de
belo.
Quando o fogo cessa ouço canções tristes, mas não doloridas.
Canções de despedida, mas não de adeus.
Canções solitárias.
Canções que recordam a sensação de descobrir novos tesouros.
Pois embora os ventos frios sejam bem-vindos, dá saudade das
tardes mornas.
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