E o que mais fere é essa sede,
Essa secura que se alastra pelas minhas entranhas.
Também fere sonhar contigo caminhando em minha direção,
Caminhando, sempre caminhando sem nunca chegar.
Mas já não é bem a falta de um você, mas a falta de um eu.
O que me falta é minha alma, a qual corre tanto de mim,
a qual quase nunca alcanço.
E quando/se alcanço vejo que ela não cabe dentro de mim, de imensa.
E ainda preenchi-me de tanta ilusão, de tantas noites estreladas,
de tantas juras falsas, de tantos invernos secos...
Preenchi-me tanto que já não me caibo mais em mim.
O que preciso de ti são suas mãos e olhar.
Suas mãos para ajudar no esvaziamento, seu olhar para reaver a fé nos milagres.
Oferece-me então, por favor, um bocado da sua força que vejo ser tão grande; apenas um bocadinho.
Venha, às vezes, em silêncio e vá tirando os entulhos de mim;
não precisa ter pressa.
Jogue meus restos, excessos, pelos jardins...
E antes de partir, olha-me.
Só olha-me, como fazes agora que nem ao menos sei teu nome.
Continua olhando-me como se tivesse fome do que há em mim,
do que sou.
Então vá.
Então volte.
Porque um dia ei de caber em mim, e eu terei tanto, tanto a lhe retribuir.
Então volte.
Porque serei cura, serei intenso e vívido.
Então volte.
Porque não encontrarás por aí outro eu mais belo e mais forte que o meu.
Então volte.
Porque serei refúgio firme e sagrado,
e serei seu.
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