- Lembro-me de uma ponte, e um rio muito bravo; muitas pessoas num ônibus velho.
- Nada mais?
- Nada mais. Nada além de tudo o que vivi depois disso.
- O que você viveu, e onde viveu?
- Já não sei se realmente vivi... olhando tudo isso que agora está ao meu redor, já não sei se realmente vivi. E o lugar, queres mesmo um nome?
- Seria bom para começar.
- “País das Maravilhas”, “Terra do Nunca”...
- Você precisa levar isso mais a sério.
- Você também.
- Você acha mesmo que estou à vontade aqui?
- E por que não está?
- Porque você não me conhece, não me ama, não sabe nada do que existe dentro de mim. E a única razão para me ouvir, é a boa quantia que vou deixar na mão da sua secretária frustrada quando eu sair.
- Se não quer estar aqui, por que está?
- Por que meu chefe me obrigou. Ou me consultava com um psiquiatra, ou era demitido.
- Você não respondeu minha pergunta.
- Você não entenderia, ninguém entenderia.
- Tente.
- Isso é perda de tempo...
- Pode ser que sim, pode ser que não. De qualquer forma, você ainda tem uma hora.
- Você já ouviu aquela expressão: ‘gostaria de dormir vinte anos’?
- Não...
- Que seja. Pois bem, eu dormi vinte anos, melhor, sonhei por vinte anos, e agora acordei sem
fazer ideia de onde estou.
*"A estória de Enzo" é um projeto que tenho em mente ainda sem rumo certo. O mais possível é que venha a ser um conto sobre o que julgamos "fantástico". Um homem aparece num consultório psiquiátrico dizendo ter despertado vinte anos depois de um sono profundo, no qual viveu num mundo místico e maravilhoso.
Ainda não sei se esse "embrião" ira vingar... mas o diálogo acima seria o início dele.
Nenhum comentário:
Postar um comentário