Na casa de oração, a velha voz rouca entoando uma prece simples foi capaz de fazer florescer alguma emoção;
Algumas coisas ainda estavam em seus lugares, mesmo depois de tudo...
Mas eu vejo partes casa vez maiores do jardim da alma sendo cobertas pela espessa camada do concreto despejado pela realidade. E são só as palavras, fracas, solitárias, lutando contra o cinza rude que leva sem piedade o perfume das cores.
Temo o dia em que elas sileciarão e não haverá mais o que faça florescer por entre as rachaduras no solo esses sentimentos ingênuos que se dissolvem ao sol inclemente, mas que tão belos são enquanto a vida ainda os nutre.
E chegamos a esse novo fim simbólico que precede um novo início também simbólico, e eu que nunca acreditei em símbolos rezo para que a esperança não desapareça quando as luzes das ruas forem retiradas.
E é isso tudo o que isso é. Não há como ter sentido... Pois que é só o pequeno arbusto florescendo antes das chamas, os tecidos encobrindo a crueldade dos espelhos, a resignação diante da fotografia bela e amarga da realidade.
E já é tarde.
Os versos quase sem alma se dissolvem na escuridão pegajosa da noite quente. Ninguém lhes ouve as vozes. Ninguém se aproxima.
Assim como antes.
Assim como depois.
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