De não tão longe uma voz canta que tudo o que somos é apenas poeira ao vento... Uma voz que desliza pelas salas vazias e pelos corredores recém pintados de um amarelo vibrante, que destoa do cinza entristecido de quase todos os dias desse janeiro custoso de terminar.
E eu olho esse céu que há dias não cessa seu pranto, apertando as mãos frias, sentindo o peito vazio de saudades ou promessas, mas preenchido por um receio, um temor, que rouba o encanto das águas que antes caíam absolvendo os pecados e interrompendo as batalhas.
Mas em todas as noites eu ainda rezo para anjos cujos nomes e faces eu desconheço, todas as noites eu flutuo como que livre em direção a um lar distante, um ninho, um colo. E eu posso sentir que por detrás dos reflexos tortuosos que chegam aos meus olhos ébrios, alguém, verdadeiramente enfim, me sorri.
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