12 de nov. de 2021

Belo impossível

 


A beleza singela que a noite esparrama pelo céu antes de derramar seu manto de um negrume encantador por todas as ruas, faz com que o coração sinta por um instante, enquanto duram as fugazes luzes, como se na verdade contemplasse uma fresca alvorada. 

Um novo dia nascido do fim dos dias...

É certo que tão distantes pairam os velhos doces tempos, repletos que quimeras adormecidas abaixo da sombra de dias longos e já estéreis;

Tão distantes, que o espírito parece não mais saber destrancar as cansadas janelas e sonhar com as miragens Douradas e inatingíveis do horizonte;

Mas um breve olhar... Fértil e castanho feito o solo que nutre o perfume dos jasmineiros,

Uma voz... Macia e morna feito o som aconchegante de trovoadas distantes;

E, meu Deus,

A realidade não consegue roubar de imediato a formosa utopia que corre livre atrás dos altos muros intransponíveis,

E eu sorrio sozinho, no escuro que já se achega completamente, 

Quase feliz pelos minutos gastos acariciando este belo impossível.

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