Ao retornar o eterno agosto, já não havia mais saudades.
Mesmo que breve, o tempo agiu rígido e preciso em seus golpes.
Não soou necessária a repetição de mais nenhum adeus.
As expectativas despencaram todas, como as folhas vermelhas e cansadas no fim do inverno.
Aquele verde sereno e esperançoso, docilmente fugiu dos campos e dos olhos.
As águas não caem...
E o azul seco do céu já não conserva nada do reflexo daquele inesquecido olhar.
Aquele que você acreditou amar na temporada chuvosa, ainda sobrevive em algum lugar, por algum motivo. Mas não parece tardar a vinda do dia em que o coração não ouvirá mais a melodia meiga da tarde cinza e morna.
Queria que estivesse aqui...
Que não ao meu lado, ao menos dentro de mim.
Há alguns meses, após um solene pedido, a dor, tudo o que restava de tempos gloriosos, saiu do palco principal; jaz como uma humilde e quieta figurante num espetáculo confuso.
Eram menos complexos e menos pálidos os tempos em que o amor banido redigia os roteiros.
Agora as mãos e a pele fervem, mas a alma geme de frio, invisível.
É essa a percepção de não mais existir em nenhuma memória, em nenhum álbum de recordações esquecido na prateleira. De não mais possuir o encanto necessário no olhar para adornar de flores toda a aridez e obviedade que se tornou a realidade.
O que agora além do silêncio e da ausência irá preencher o que foi e o que virá a ser?
Não há um você e, aos poucos, vai-se deixando de haver um eu.
Já distante reside a opaca manhã de agosto em que a luz se despediu.
Mas agosto permanece.
De novo e ainda...
Sempre é agosto.
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