13 de ago. de 2017

13/08


O que os anos fazem às vezes é nos levar embora os milagres.
Tragados pelas guerras, por seus números, pelas marchas dos insanos, pela ignorância e pelo silêncio, a gente se esquece dos pequenos clarões gloriosos que adornam os dias...
No fundo do quintal se pode colher jabuticabas das mais doces e nem agosto levou todas as flores da primavera;
No fim da tarde, o vento seco cobriu a cidade de poeira e poesia e havia uma rua vazia de onde se via o sol se pondo rente às árvores;
A jovem noite morna derramou águas brandas e perfumadas na terra cansada.
Todos os dons ainda pulsam, ainda vibram, ainda brilham como ferramentas novas, e não é tristeza o que se achega ao fundo do peito, é vontade, é contrário da saudade, é a espera.
Todos aquele dias belos e mornos são enfim inofensivos, cristalizados como relíquias sagradas, residentes eternas da alma para que esta se lembre do puro e imaculado sabor da vida.
Nada é extinto ou esquecido,
Mas há mais caminho adiante do que o atravessado,
Sempre haverá.


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