Abríamos nossas almas e corações ávidos e ansiosos, como se fossem bonitas caixas de presentes, e o que encontrávamos, oferecíamos... Que tempos aqueles em que éramos jovens o bastante para acreditar que o amor não adoece com os mais variados tipos de distância.
Um dia as memórias também serão levadas? Levadas como o aroma sutil demais das adoecidas orquídeas, lavadas como os telhados velhos cobertos da fuligem de sonhos aos poucos incinerados...
Em alguns dias as ruas voltam a ser desertas, o mundo volta a não dar voltas e eu tento lembrar das palavras daquela canção proibida. Em alguns dias há uma certa batalha para não sentir o gosto daquele amor pelo que restou, porque o que restou foi a dor.
Parece não haver mais a quem abrir as caixas de presentes... Faz muito calor para aquele sueter levemente perfumado, para o cachecol branco, para sorrir aos ipês amarelos.
Faz muito silêncio para continuar atuando no teatro da esperança.
Já faz tanto... tanto tempo.
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