1 de jun. de 2015

Valsa


Poderia ao menos uma noite se deitar ao nosso redor?
Deitar enquanto estamos vivos, de sangue quente e bem vermelho
Regando o solo onde frutificam paixões que jamais deveriam morrer.

Há um vale de olhares ao lado de um vale de memórias.
Tudo sem vida, estático, envolto na espessa bruma branca,
Macia e fria.
E o passado me chama por outra faces, outros nomes.

O mais cruel e belo dos fantasmas também sorriu ao meu sorriso,
E quase as portas do paraíso dentro de mim
Sentem mãos outra vez lhe acariciarem.
Mas não há nenhum milagre para consertar as ruínas.

A vida e a morte, a chegada e a despedia
Dançam sua valsa doentia de amor e ódio.
E eu assisto complacente,
como se não fosse eu todos esses personagens.