21 de mar. de 2015

Claridade


Os olhos ainda nublam ao lembrar da claridade.
Aquela claridade que um dia pude emanar,
Que um dia pude enxergar,
Que um dia existiu. 

Sei que este coração não nasceu para a paz,
Mas para sentir o sabor do próprio sangue
Ao cultivar rosas ignoradas.
Rosas que dele nascem e nele morrem.

As luzes não se apagaram.
A claridade ainda viaja universo adentro,
Como o epitáfio de uma estrela morta;
Apenas não será outra vez vista.

Mas ainda há algo além da frágil carne.
O Amor devorou todos os sonhos,
Até mesmo a paixão.
Mas a esperança, pequena e insípida, passou despercebida.

O espírito ainda veleja por seus mares de infância.
Não faz mal lembrar dos dias em que o sol sorria.
Continuo lua mansa, sem luz própria;
Girando ao redor do que nunca tocarei.