11 de mar. de 2015

A cor dos olhos


Finalmente não assusta meu amor pelo mar.
Toda aquela vastidão azul... tanta violenta vida.
Já não há mar, mas uma infinita cratera silenciosa.
Para sempre silenciosa.

Sei que ao secar, o mar também levou muito de mim.
Meu reflexo que agora vejo nas areias quentes não me agrada.
Em nada mais lembro aquele viajor guiado por estrelas ascendentes.
Também se foram as estrelas.

Não me dá esperança meu recente amor pela terra.
A maciez castanha e morna em que pousou meu olhar,
Não mais será sentida. 
Sem as paixões que me guiam, volto a ser um estranho.

Um estranho de passos hesitantes,
Perambulando por um caminho que sabidamente não é o meu;
Mendigando ínfimos milagres para saciar uma fome de fé cruel.
Uma súplica inútil, todos os milagres adormeceram.

Eu sinto a lenta dor de perder o pouco que ainda resta.
Mas quando a escuridão for plena, meus olhos verão no escuro.
Lembrando da tarde em que, lavadas pela tempestade,
Todas as coisas refletiam fabulosamente toda claridade do sol.

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