Te mostrei a rosa; nem viu a rosa, eu sei.
O mundo acabava-se, e toda atenção devia estar voltada ao útil.
E as palavras,
que como um barco à vela te levariam as promessas,
as razões para não dizer adeus,
as memórias mais doces e as canções que nos uniram,
nem ao menos aportaram em nosso cais...
Naufragaram num oceano lacrimoso e cheio de soluços.
Quem seria eu para falar do melhor ou do pior caminho?
Falar da melhor ou pior decisão?
Falar da vida que poderia ser tão bela?
Falar de sonhos?
Quem seria eu para questionar seus escombros?
Eu, que ergo um observando outro monumento desabar...
Nem mesmo as memórias são eternas.
E a custo de dias secos e ventosos como deste agosto, irão se perdendo.
Primeiro as mais delicadas e sutis,
como o brilho do seu olhar e a gentileza do seu caminhar;
Depois, as mais poderosas e profundas,
como seu sorriso naquela estrada longa e pedregosa.
As memórias vão acumulando poeira, como um diamante esquecido no porão.
O diamante, indestrutível, permanece lá, intacto, mas não é visto.
É um gracejo de Deus para tocarmos adiante esse barco...
sabe-se lá pra onde.
Sei é que não chorarei mais.
Não só o coração, mas os olhos também jazem cansados em demasia.
Chega tempestade, parte tempestade; chega ventania, parte ventania.
E tudo se repete, numa falta de criatividade sem fim.
Enquanto o mundo acaba, vou plantando minhas flores...
“- A Beleza não é um luxo, é uma necessidade humana.”
Disse , sabiamente, a poetisa.
Não me importo de beber lágrimas, mas que sejam de boa emoção;
Não mais aquelas venenosas de tristeza.
Sorverei sim meus prantos, mas observando o desabrochar do jardim.
O jardim que antes dava desespero de tanta pedra,
E uma a uma tirei com as mãos,
O jardim que agora ressurge formoso em flor.
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